2025-11-26

Menos produção e baixos preços levam à quebra de rendimentos no olival tradicional

A colheita da azeitona está no auge, mas a quantidade e rendimento em azeite regista uma quebra significativa face à campanha anterior. A redução da produção na campanha oleícola 2025/2026 e a acentuada queda dos preços do azeite pagos à produção são motivo de forte preocupação para os produtores do olival tradicional.

Além da inexplicável quebra de preços num ano de menor produção (o quilo de azeitona está a ser pago a 55 cêntimos, quando há três anos era pago a 1,10€ e em 2024 a 75 cêntimos), muitos produtores estão a entregar as suas azeitonas nos lagares sem saberem quanto e quando vão receber, havendo mesmo relatos de produtores a quem foi dito que só em Setembro do próximo ano receberão os pagamentos.

Esta situação é agravada pelos custos de produção cada vez mais elevados, particularmente no olival tradicional, como mão-de-obra, fertilizantes, combustíveis, tratamentos fitossanitários, por exemplo.

Para os produtores que optam por fazer o azeite, os custos de laboração dos lagares estão também mais elevados (em alguns casos passaram de 12 cêntimos por quilo na campanha de 2024, para 14 cêntimos nesta campanha). A este facto não é alheio o aumento do IVA (de 6% para 23%) cobrado pelo lagar pelo serviço da laboração da azeitona e que, apesar de se prever que regresse a 6% no início de 2026, prejudica quem tem de fazer a laboração até ao final deste ano.

É este o resultado da total desregulação do mercado, que submete sobretudo os pequenos agricultores, que precisam de escoar a sua produção, à mercê do que os compradores estão dispostos a oferecer.

Uma situação profundamente injusta que, a manter-se, poderá ter graves consequências na continuidade do olival tradicional, de onde saem os melhores azeites do mundo, com qualidade e características únicas.

A promoção de uma distribuição justa do valor ao longo da cadeia agro-alimentar tem de ser uma preocupação central do Governo, para garantir rendimentos dignos para os agricultores. Para tal, a CNA reitera a urgência da adopção de uma lei que proíba que se pague aos agricultores abaixo dos seus custos de produção e instrumentos que assegurem o cumprimento dessa lei.

O olival tradicional é um importante factor de coesão social e territorial e das economias das zonas onde se produz, mas a atracção de jovens e novos agricultores, bem como a fixação dos actuais produtores, apesar do investimento que têm feito, só é possível com a rentabilidade da produção, com preços compensadores.

A CNA defende políticas públicas para a valorização do olival tradicional, como um “Plano integrado para a dinamização do olival tradicional”, a promoção do consumo de azeite nacional em cantinas públicas ou a inclusão, nos apoios da PAC – Política Agrícola Comum, de uma intervenção sectorial dedicada ao olival tradicional.

A Direcção da CNA
Coimbra, 26 de Novembro de 2025

 

COMUNICADO