A CNA participou esta quarta-feira, dia 8 de Junho, na Assembleia Geral da Coordenadora Europeia Via Campesina (ECVC), organização da qual é membro.

A Assembleia Geral da ECVC, que agrega organizações camponesas de vários países europeus, debateu a situação política actual, como a escalada dos preços dos combustíveis e de outros factores de produção que tem motivado preocupações junto dos agricultores e acções de protesto em vários países, incluindo em Portugal, onde a CNA e Filiadas se têm manifestado.

Das intervenções dos delegados das organizações camponesas que participaram nesta Assembleia Geral, fica patente a preocupação e a denúncia da tomada da alimentação e das matérias-primas pelas grandes corporações, com vista à obtenção de grandes lucros, em detrimento do direito dos agricultores e das populações a uma alimentação acessível e adequada.

Essa preocupação é extensível a outras áreas além da produção alimentar, nomeadamente à produção de energia, na medida em que a tão falada “transição justa”, por exemplo em termos energéticos, se está a fazer colocando igualmente nas mãos de grandes corporações a exploração e comercialização da energia.

No contexto actual de constrangimentos acrescidos no abastecimento de factores de produção e de alimentos, as organizações-membro da ECVC reafirmaram a necessidade de vigilância e denúncia do aproveitamento para especulação e para flexibilização de garantias de sustentabilidade nos modelos produtivos e comerciais. A título de exemplo, foi mencionada a tentativa de alterações por parte da Comissão Europeia sobre a legislação que regula os Organismos Geneticamente Manipulados (OGM) e foi divulgada e assinada pelos participantes uma petição lançada pela ECVC para travar essas alterações. 

Um ponto importante da agenda prendeu-se com a guerra no Leste da Europa, com a ECVC a informar os delegados sobre a situação dos pequenos e médios agricultores ucranianos, que estão a passar por grandes dificuldades, mas que estão a fazer de tudo para lançar sementes à terra e garantir alimentos ao povo… A ECVC manifestou a sua solidariedade com os camponeses e com o povo ucraniano, deixando um apelo de rápida resolução do conflito pela via diplomática.

Garantir o direito a produzir num contexto de Soberania Alimentar, no respeito da “Declaração dos Direitos dos Camponeses e outras Pessoas que Trabalham nas Zonas Rurais” e num espírito de solidariedade e de paz entre os povos foi o mote deixado para o trabalho futuro da ECVC e das suas organizações membro, articulado na Via Campesina Internacional.

Pela CNA participaram como delegados nesta AG Adélia Vilas Boas e José Miguel Pacheco e Vítor Rodrigues participou enquanto membro do Comité Coordenador da ECVC.