2022-04-06

Marcha lenta de tractores em Ovar para reclamar rendimentos dignos para a Agricultura Familiar

 

Dezenas de agricultores protestaram esta quarta-feira, 6 de Abril, em Ovar, contra o escandaloso aumento dos custos dos factores de produção e reclamaram medidas urgentes por parte do Ministério da Agricultura e da Alimentação e do Governo para travar a situação insustentável dos pequenos e médios agricultores familiares.

A iniciativa promovida pela União dos Agricultores e Baldios do Distrito de Aveiro (UABDA), com o apoio da CNA, juntou dezenas de tractores e máquinas agrícolas que desfilaram em marcha lenta desde Válega até à Câmara Municipal de Ovar, onde foi entregue uma moção com sete medidas urgentes para acudir às dificuldades dos agricultores.

A pandemia e a guerra vieram somar dificuldades à já complicada vida dos pequenos e médios agricultores familiares, que têm cada vez mais dificuldades em manter as suas explorações.

Os custos de produção elevados, com aumentos brutais dos preços de combustíveis, rações, fertilizantes, entre outros, fragilizam ainda mais a já débil situação financeira dos agricultores e, para agravar, os preços a que os agricultores vendem a sua produção seguem em caminho inverso, são cada vez mais baixos.

Em Ovar, os agricultores reafirmaram aquilo que há muito denunciam: esta situação não pode continuar. Pagam muito para produzir, recebem pouco quando vendem o que produzem e, mesmo assim, os consumidores vêem o preço do seu "cabaz" aumentar. Alguém está a meter dinheiro ao bolso e não são os agricultores.

Neste sentido, uma das medidas urgentes aprovadas pelos agricultores em Ovar, e que consta na moção entregue ao Presidente da Câmara, reclama "a criação de uma lei que proíba as vendas com prejuízo ao longo de toda a cadeia agro-alimentar" e a "regulação e fiscalização da actividade da grande distribuição", que fica com a grande parte do que os consumidores pagam pela sua comida e domina a comercialização de bens agro-alimentares.

Como referiu Carlos Alves, presidente da UABDA, "os produtores são quase chantageados para vender a preços baixos" e se não forem tomadas medidas, o ritmo de encerramento forçado de explorações agrícolas vai aumentar e com menos agricultores o país fica cada vez mais dependente do exterior para pôr comida na mesa da população.

 

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