2021-09-29

Desperdício Alimentar não está desligado do estrangulamento do preço e do escoamento à produção da Agricultura Familiar

É pela mão das Nações Unidas que se celebra a 29 de Setembro, pelo segundo ano, o Dia Internacional da Consciencialização sobre Perdas e Desperdício Alimentar, alertando para o problema que representa para a Humanidade. Esta preocupação une-se às declarações alarmantes da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) quando afirma que “…depois de diminuir constantemente por décadas, a fome crónica começou lentamente a aumentar em 2014 e continua a fazê-lo.”  referindo ainda que “Superar a fome e a má nutrição em todas as suas formas (incluindo desnutrição, deficiências de micronutrientes, sobrepeso e obesidade) é mais do que garantir comida suficiente para sobreviver”.

Importa referir que a CNA, por ocasião de uma audição na Assembleia da República, já apontava para os problemas graves do desperdício também a montante do consumidor, nomeadamente nas produções que não saem dos campos porque o preço pago ao produtor não compensa o seu trabalho e da família  ou quando a produção não está de acordo com a regras de normalização da grande agro-indústria ou de grandes superfícies de comercialização (seja cor, tamanho, peso…), ou do risco de dano que correm os alimentos que percorrem milhares de quilómetros até ao nosso prato.

Com isto, o que reafirmamos é que importa garantir um preço que permita ao produtor escoar a produção, com proximidade física e social entre os consumidores e os produtores, valorizar a dinamização do mercado interno e criar alternativas de escoamento, como os mercados locais, o abastecimento de cantinas públicas, e também pequenas unidades de transformação próximas da produção.