2020-11-04
Uma delegação de agricultores da Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra (ADACO) reuniu recentemente com o Eng.º Nuno Bravo, Administrador da Região Hidrográfica do Centro (RHC), organismo adstrito à Agência Portuguesa do Ambiente.
Na mesa foram postas várias questões relacionadas com as cheias de 2019 e o controlo da água.
Na reunião foram feitas várias promessas pelo Administrador da RHC, tais como:
- Regularização do Rio Ega em 8,2 Km da foz para montante até á freguesia de Figueiró do Campo - Soure;
- Um estudo de Impacto Ambiental nos Vales do Pranto, Arunca, Ega e S. Facundo/Ançã;
- Rio Ceira – Intervenção a montante (P. da Serra, Góis, Arganil e Lousã) na rectificação da galeria ripícola e arranjo de margens; valor da obra - 300 mil euros – finalização 2023.
Esperamos que estas promessas não fiquem no papel e sejam efectivamente cumpridas.
Outras questões ficaram por responder; questões essas que foram enviadas por escrito, através de uma Exposição dirigida ao Administrador da Região Hidrográfica do Centro.
As respostas a estas questões são fundamentais para que não voltem a acontecer situações de cheias descontroladas como em 2001, 2016 e 2019.
Entre outras questões, a ADACO e os agricultores presentes reclamam:
1 - Deverá ser o Governo, através da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o responsável pelo pagamento dos prejuízos causados nas culturas dos agricultores pela invasão da água e inertes, proveniente do rebentamento do rio e diques nas cheias de 2019, uma vez que é sua a responsabilidade de manutenção desta estrutura.
2 - Antes das cheias de 2019, foram retirados cerca 800.000 M3 de areia de montante para jusante do Açude de Coimbra, quando a capacidade do rio em caudais sólidos por ano em Coimbra é de 295.000 M3.
Com esta enorme mobilização de inertes, que foram novamente depositados no leito do rio a jusante do açude de Coimbra, a APA provocou um desequilíbrio dinâmico no leito do Rio Mondego, contribuindo decisivamente para o descontrole da capacidade de encaixe da água, acelerando o processo que deu origem às cheias.
Esta mobilização obriga, inevitavelmente e com o máximo de urgência, a um desassoreamento do Rio Mondego a montante do dique construído em Formoselha.
3 - O açude (reforçado após as cheias) existente a montante da Ponte de Formoselha (Montemor-o-Velho), devia ser removido de modo a permitir que as areias depositadas no Rio Mondego fluíssem sem obstáculos, de forma natural.
4 - É urgente a reposição das comportas na ligação da vala de Pereira ao Rio Mondego na margem esquerda, entre Pereira e a Ponte de Formoselha. Estas comportas têm como objectivo controlar o retorno do fluxo de água do leito de cheia para a margem esquerda (zona habitacional). Estas comportas desapareceram há vários anos e ainda não foram repostas.
Existe já previsão para a execução desta obra?
5 - A Barragem de Girabolhos (concelho de Seia) onde, segundo a comunicação social já foram investidos 60 milhões de euros, importante para gerir o caudal do Rio Mondego, é uma necessidade. Esta Obra tem de avançar.
6 - Quem monitoriza os caudais e cotas da Barragem da Aguieira? Há que aumentar as margens de segurança da barragem da Aguieira, para que não se repitam as tragédias das cheias de 2001, 2016 e 2019
7 - Passados 10 meses das cheias de 2019, o leito periférico direito continua com as obras por acabar.
Qual a segurança para os agricultores, nos próximos meses?
Se houver um galgamento pelas obras não estarem concluídas (reposto como estava antes das cheias), de quem é a responsabilidade?
A ADACO e os agricultores do Baixo-Mondego chamam assim a atenção para o que tem de ser feito, para que o Governo não diga que não tinha conhecimento do que é preciso fazer, para evitar a repetição de tragédias anteriores.
Coimbra, 2 de Novembro de 2020