2020-09-22

CNA com mais 42 organizações europeias em apelo à rejeição do Acordo UE-Mercosul


A CNA subscreveu uma Declaração Conjunta, com mais de 40 organizações de agricultoras e agricultores familiares de 14 países, num apelo aos Governos dos países europeus para rejeitarem o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.

Conforme se pode ler na Declaração, as organizações reclamam não apenas ajustes ou correcções, mas uma nova orientação para as políticas comerciais que garanta preços justos, cubra os custos de produção, proteja o meio ambiente, a biodiversidade e o bem-estar animal, os produtos alimentares regionais e defenda os direitos humanos.

Apesar de algumas declarações públicas de líderes europeus manifestando apreensão face ao acordo, o facto é que é possível que ele avance, com ajustes feitos à medida para ultrapassar estas reticências e levar a uma aprovação.

Face aos impactos negativos que terá sobre a agricultura familiar, as organizações camponesas pedem aos governos dos seus países que rejeitem este acordo.

Andoni García Arriola, membro do Comité Coordenador da Coordenadora Europeia Via Campesina (CEVC), de que a CNA faz parte, expõe alguns dos riscos que este tratado acarreta para a agricultura:

“Com o Acordo UE-Mercosul, as importações de produtos como carne, açúcar e soja dos países do Mercosul vão aumentar; por isso, serão estimulados a adoptar um modelo de produção fortemente voltado para a exportação e ainda mais industrial. A floresta amazónica, que é parte integrante da protecção do clima e da biodiversidade mundial, deve permanecer protegida desse sistema. As violações dos direitos humanos também são um factor que não pode ser ignorado. Ao mesmo tempo, a Agricultura Familiar na Europa enfrenta grandes dificuldades em produzir alimentos que atendam a padrões ambientais e de bem-estar animal mais elevados, pois envolvem custos de produção mais elevados. O aumento das importações não equivalentes dos países do Mercosul pressiona ainda mais os preços da Agricultura Familiar na Europa. Esta política comercial e estes padrões produtivos, ambientais e sociais incomparáveis que favorecem o agronegócio apenas aceleram o desaparecimento dos pequenos produtores dos dois lados do Atlântico”.

Leia aqui a Declaração.