2019-03-08

Pela vida e dignidade das mulheres, lutamos junto/as contra a exploração e opressão!

Comunicado de imprensa Via Campesina – Dia Internacional da Mulher Trabalhadora

(Harare, 8 de Março de 2019) Os objetivos que deram origem ao Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras continuam a inspirar-nos e tornaram-se a bandeira da luta, de mulheres e homens, em todos os cantos do mundo, que resistem de maneira organizada contra o capitalismo e o patriarcado.

É por isso que hoje, as mulheres da Via Campesina na África, América, Ásia e Europa acolhem e unem-se a todas as acções e mobilizações convocadas pelas mulheres trabalhadoras do campo e da cidade, na luta pelos nossos direitos e pela vida.

Neste 8 de março, nós também estamos em greve!

Este dia de acção global leva para as ruas e espaços públicos, nas comunidades camponesas e áreas rurais, a nossa força, a nossa resistência e organização e a reafirmação das nossas mensagens de luta. No actual contexto mundial, a investida do capitalismo na sua forma mais selvagem e esmagadora aumentou as desigualdades sociais, conflitos, criminalização, xenofobia e homofobia contra aqueles que lutam pelos seus direitos e pela vida, promovendo a guerra, num cenário de crise migratória, colocando milhões de pessoas numa situação de miséria e violência, e também milhões de mulheres.

Por essa razão, nós mulheres da Via Campesina mobilizamo-nos hoje, 8 de Março, como fazemos ao longo dos anos, lutando, organizando-nos e gritando: Chega de Neoliberalismo e patriarcado! Levantamos a nossa proposta de construir um mundo melhor, celebrando a nossa Declaração sobre os Direitos das Camponesas e dos Camponeses e outras pessoas que trabalham nas áreas rurais, um instrumento político reconhecido dentro das Nações Unidas, e que conquistámos com muita luta e organização. Esta declaração protege os nossos direitos por uma vida digna, para aqueles de nós que alimentam os povos do mundo, cuidando da terra, das águas e das florestas.

Para nós, mulheres da Via Campesina, os alimentos não podem ser mercantilizados no mercado globalizado, onde o único interesse é o lucro, e não saciar a fome de milhões de pessoas. Para nós, a produção de alimentos deve basear-se na Soberania Alimentar com a agroecologia, e nesse cenário nós somos os protagonistas, promovendo a agricultura camponesa, baseada no respeito pelos direitos dos camponeses. Isso implica uma mudança nas políticas territoriais para o meio rural e com uma perspectiva feminista, um feminismo camponês popular, que promove e garante os direitos e a participação das mulheres nas decisões políticas.

Permanecemos firmes na nossa missão de plantar as sementes de esperança e libertação para as mulheres rurais e urbanas de todo o mundo. E é por isso que nos associamos fraternalmente a todas as mulheres da Greve Internacional das Mulheres, que procura demonstrar que o trabalho das mulheres é um factor-chave para sustentar e reproduzir a vida e a economia global. Somente com organização social, com formação e estudo político, em cooperação com outras organizações feministas de mulheres e trabalhadoras, podemos avançar para uma vida digna para mulheres e homens.

Pela vida e pela dignidade das mulheres, lutamos unido/as contra a exploração e a opressão!