2020-02-05

Breve balanço agroflorestal a 2019

Começar por dizer que 2019 fica marcado, negativamente, pelas chuvas, ventanias e cheias de Dezembro, a deixarem uma marca impressiva e com más consequências no sector.

Entretanto, foi 2019 um ano em que se mantiveram em baixa os preços da maior parte da Produção Regional/Nacional e em que os custos de Produção se mantiveram altos.

Para os preços baixos na Produção muito contribuem as “ditaduras” comerciais dos Hipermercados – sector agroalimentar – e da grande Indústria de Transformação de Madeira – Celuloses – Aglomerados – Biomassas.   A Cortiça também registou uma baixa de preço. 

E, cabe dizer que, quando não são a seca e o fogo, são a água a mais e as pragas e doenças em animais e plantas.  De facto, de um lado, “atacam” os javalis a comer e a estragar as culturas.  De outro lado, “ataca” a Vespa velutina ou vespa-asiática a chacinar enxames inteiros das nossas Abelhas do Mel e a ameaçar o processo natural da polinização das Plantas…  E a “mosca” fura e estraga a Azeitona… E a Vespa das “galhas” do Castanheiro é outra praga… 

Vendemos a Maçã (quando se vende…) a Preços muito baixos, na ordem dos 20 Cêntimos o quilo…e o mesmo acontece com a Pera que, às vezes (a melhorzinha), chega aos 30 cêntimos o quilo. O Azeite, mesmo o tradicional (sem rotulagem), não sai acima dos 2,5 euros o Litro… Na Pecuária, o litro de leite da Ovelha Bordaleira sai a 1,20 o litro e o quilo de Queijo de Ovelha (curado e agora do manteigueiro) é pago ao Pastor/Produtor na base dos 12 ou 14 euros o quilo. Mas entretanto, tem sido necessário comprar mais suplemento alimentar para os Gados, e para as Abelhas.   O Mel sem rótulo sai a menos de 3 euros o quilo.  O Vinho produziu bem mas está baixo o Preço à Produção, desde logo o Preço pago às Adegas Cooperativas. O Milho esteve a baixo Preço na Produção, na base de 17 cêntimos o quilo.

A isto, e já era muito, juntam-se as más políticas agro-rurais aplicadas pelo(s) Governo(s) e pela União Europeia, por exemplo, com a muito injusta distribuição das Ajudas Públicas. Neste contexto, avançou (devagar) o processo de Reforma da PAC e o PDR 2020 entrou na fase de encerramento. A CNA interveio neste processo.

Ou seja, andaram (e andam) muito baixos os Rendimentos das Explorações Familiares que continuam a ser dominantes no País. E esteve congelada a concretização do “Estatuto da Agricultura Familiar”, instrumento que é necessário operacionalizar de facto.

No Sector Florestal, tão martirizado, os programas oficiais não têm sido adequados à dura realidade – o que mais tem havido é propaganda governamental – pelo que não tem sido feita uma correcta reflorestação das áreas ardidas.  Aliás, eis uma situação que é vital ser alterada, rumo a uma Floresta Multifuncional, tradicional, mais resiliente a Secas e a Incêndios, o que também pressupõe a atribuição de Ajudas Públicas com tais objectivos.

Estamos em época Festiva de Natal e Ano Novo.  Mas também de debate e eventual aprovação do Orçamento do Estado para 2020.

Sim, nesta passagem de 2019 para 2020, é preciso afirmar, com veemência, que de pouco ou nada nos adianta o tão propagandeado “superávite” orçamental - verba sobrante acima da despesa geral do Estado - se isso não contribuir para melhorar as nossas condições concretas de trabalho e de vida.  Ora, receamos que não seja isso que vai acontecer…

Assim, “a luta continua!”.

O Executivo da Direcção da CNA